03.02.2013 | Histórias
Quando eu era bem pequena, tão pequena que nem me lembro disso e só sei porque minha mãe contou, tinha uma amiga imaginária. Ou melhor, uma amiga invisível, como eu dizia. O mesmo acontece com muitas crianças. Aconteceu com meu filho Pedro. Só que o dele não era um menino. Era um boi. Voador, ainda que sem asas. Diretamente inspirado numa miniatura de bumba-meu-boi que o padrinho trouxera do Maranhão e tínhamos pendurado no teto da casa.
O livro O Menino Pedro e seu Boi Voador conta essa história. Tenho um carinho especial por ele, um de meus primeiros, cheio de referências a minha família e a experiências vividas por nós. Para mim, sempre foi uma celebração do convívio familiar cotidiano e da capacidade inesgotável de imaginação que as crianças têm.
Mas ao longo do tempo, os leitores foram me mostrando outras coisas. Antes de mais nada, que um livro também é um amigo secreto e quase invisível, que cada leitor vê de um jeito diferente, mas sempre está ali pertinho, pronto para nos acompanhar nos diversos momentos da vida. Nesse processo, as leituras dos outros foram me revelando como esta história reúne tantos elementos das diferentes culturas que nos formam, trazendo elementos folclóricos e tradicionais para uma realidade urbana e contemporânea, que por sua vez o acolhe com referências a obras mais eruditas registradas em livros e discos e também com sua cultura de massa povoada de superherois e tecnologia. E que um bocado da mágica de um livro pode estar justamente nessa capacidade de reunir mundos que parecem distantes, até mesmo num estilo que mistura a prosa diaria com vestígios de poesia na rima , no ritmo, nas imagens. E que pode falar de coisas sérias em tom de humor.
Agora com novas ilustrações, vou descobrindo ainda novos encantos nesse Boi Voador e nessa família que o recebe apesar das dúvidas., meio deslumbrada, meio assustada. E agradeço a Alexandre Rampazo pela sensibilidade com que captou tudo isso na nova edição, depois de tantos anos vendo esse livro nos traços de Ivan Zigg. E tendo sempre na lembrança as inesquecíveis ilustrações da primeira edição, com o jovem estreante Rico Lins, que iria se consagrar depois como um dos grandes nomes do design nacional. Sem esquecer os traços diferentes com que essas aventuras do unverso familiar foram retratadas em sua versão espanhola, Aunque Parezca Mentira.
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