Lançamento do livro
Em seguida, o que houve foi uma verdadeira surpresa para mim: comecei a ganhar prêmios, de melhor livro nacional do ano, de melhor livro do biênio, e muitos outros. Até mesmo do exterior veio o reconhecimento, com o Prêmio Casa de las Américas, em Cuba, ao qual concorri num gesto de ousadia, com um livro infantil ("De Olho nas Penas") competindo com literatura adulta, e venci. Foi muito emocionante perceber que aquilo que eu gostava tanto de fazer chegava a outras pessoas.
Eu e minha filha Luísa.
Em 1983, nasceu Luísa. No mesmo ano, tomei coragem e publiquei meu primeiro romance para adultos, "Alice e Ulisses", muito bem recebido pela crítica. Ao mesmo tempo, meus livros foram começando a ser traduzidos no exterior, primeiro nos países escandinavos e, em seguida, na Alemanha, na França e na Espanha. Paralelamente, fui passando a fazer palestras para professores pelo interior do Brasil e desenvolvi cursos e seminários sobre promoção de leitura no exterior.
Feliz com a tranqüilidade de Manguinhos.
De 1986 a 1988, fizemos uma coisa maravilhosa: deixamos a cidade grande e nos mudamos para uma casinha pequenina em Manguinhos. Uma verdadeira volta as raízes. Uma vida muito modesta e recolhida, em contato direto com o mar e a natureza. Luísa ia a escola com os filhos dos moradores locais, Lourenço compunha e tocava, eu escrevia.
Passeando no Regent´s Park, Londres - 1990.
De Manguinhos para o mundo... Em fim de 1989, me ofereceram um novo contrato com a BBC e voltei para Londres, onde passei oito meses e terminei de escrever o romance "Canteiros de Saturno". Pouco depois de voltar ao Brasil, em meio a muito trabalho, tive problemas de saúde muito sérios. Por um longo tempo toda minha vida ficou direcionada a enfrentar essa situação, ajudada pelo carinho de tanta gente que me quer bem e apoiada pelo meu trabalho.
Junto da estátua de Hans Christian Andersen, em Nova Iorque.
Os últimos anos tem sido principalmente de coisas boas, que as outras a gente esquece. Dois netos maravilhosos: Henrique em 1996 e Isadora em 2000. Nesse mesmo ano, ganhei também o prêmio Hans Christian Andersen, coisa que me trouxe muita alegria. É incrível saber que um júri internacional, sem nenhum brasileiro, analisou o conjunto de minha obra e concluiu que eu merecia ser considerada a melhor autora do mundo...
Com o presidente Fernando Henrique Cardoso, recebendo a Ordem do Mérito Cultural.
Em 2001, tive uma surpresa maravilhosa: ganhei o maior prêmio literário nacional, o Machado de Assis, que a Academia Brasileira de Letras confere por toda a obra de um autor. Uma honra dessas ainda veio se somar as condecorações. Recebi a Medalha Tiradentes, da Assembléia Legislativa do Rio, e a Ordem do Mérito Cultural, da Presidência da República. Uma verdadeira consagração. Puxa, nem com uma varinha mágica uma fada-madrinha podia me dar isso...