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Pintando o caneco

Rubem Braga

Rubem Braga

A minha adolescência foi repleta de livros, que me proporcionaram grandes prazeres e descobertas. Ficava abismada com o jeito de escrever de grandes autores e cronistas, como Rubem Braga. Na escola, em casa e com meus amigos, estava sempre rodeada de gente que também gostava de curtir a vida tendo bons livros ao seu lado.

 

Eu e Aloísio Carvão.

Eu e Aloísio Carvão.

Estava no científico quando comecei a estudar pintura, primeiro na Escolinha de Arte do Brasil, depois no Atelier Livre do Museu de Arte Moderna. Foi nesse curso que tive o privilégio de ter aulas com Aloísio Carvão, por quem guardo até hoje um carinho muito grande. Nunca alguém tinha sido tão exigente comigo e ao mesmo tempo me dado tanta força, me preparando para a dureza de ser artista.

Pintando nos idos da década de 70.

Pintando nos idos da década de 70.

Chegou a hora de fazer vestibular, e eu não tinha idéia de que curso escolher. Na dúvida entre química e arquitetura, acabei optando por geografia, pensando que aprenderia assuntos como geografia econômica ou entenderia de modo mais profundo a sociedade brasileira. Mas a faculdade me desapontou, com a exigência de muito conhecimento exato. Para mim, no fundo, nada disso importava ou teria utilidade. O que eu queria mesmo era trabalhar como pintora.

 

 

Conversando com algumas crianças.

Conversando com algumas crianças.

Menos de um ano depois, cansada de examinar rochas e eixos de cristalografia, mudei de curso e fui estudar letras. Também comecei a trabalhar como professora, dando aulas de português, latim e francês (em inglês!) numa escola americana. Mesmo com tantas atividades, ia seguindo com a carreira de pintora, fazendo exposições individuais e coletivas.

 

Eu e Ruth em Berlim, 1994.

Eu e Ruth em Berlim, 1994.

De repente, tudo ficou mais sério. Me formei e fiz mestrado, casei com o médico Álvaro Machado, mudei de sobrenome e de cidade, indo para São Paulo. Passei a escrever artigos para a revista Realidade e a Enciclopédia Bloch, além de traduzir textos e continuar pintando. Nesse período nasceu meu primeiro filho, Rodrigo. Também ganhei uma amiga para a vida toda, a escritora Ruth Rocha, que virou minha cunhada.

Recebi certo dia uma ligação da Editora Abril, me chamando para escrever em uma nova revista voltada para crianças, e que se chamaria Recreio. Não acreditei no convite, afinal era professora universitária, nunca tinha feito nada parecido. Mesmo assim, insistiram em mim e acabei topando. A revista fez um sucesso imenso, e acabou abrindo caminhos para a nova literatura infantil brasileira.

Capa de uma das primeiras revistas Recreio.

Capa de uma das primeiras revistas Recreio.

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