14.06.2008 | Histórias
O livro Era uma vez um tirano teve sua primeira edição pela Editora Salamandra, em 1982, com ilustrações de Gabor Geszti. Depois disso, em 1989, foi publicado na Alemanha com as mesmas ilustrações. Mais recentemente ele foi lançado na Argentina pela Sudamericana, com ilustrações de Verónica Leite, e durante o mês de junho de 2003 foi relançado pela Salamandra, ilustrado por José Carlos Lollo num pacote de grandes clássicos de Ana Maria Machado e Ruth Rocha.
Ele conta a história que foi passando de boca em boca sobre um país que não se tem certeza se foi aqui pertinho ou muito longe. Também não dá para saber se a história aconteceu há muito tempo, há poucos dias ou se ainda vai acontecer. No fundo, como sempre deve ser, o mais importante é que cada leitor preste atenção e chegue às suas conclusões, como fez o grande Carlos Drummond de Andrade em outubro de 1982:
"Como de costume, curti muito Era uma vez um tirano.O jeito de contar que você tem, e o que você conta com esse jeito, dão bem uma idéia do que pode ser; em graça e em sentido, um texto para crianças. Fica tão gostoso de ler! E a gente guarda a lembrança do lido."
Com a palavra, Ana Maria:
“Sempre adorei ver fogos de artifício. Quando era bem pequena, gostava de desenhar festas de São João, com o céu estrelado e os fogos. Ao passar a escritora, sempre achei que um dia ia escrever a história de um fabricante de estrelas. Mas não pensava que. ao começar a trabalhar nesse texto, ele ia virar algo tão político.
Esse livro foi escrito em 1981, no tempo do governo militar. Já tinha havido a anistia, mas ainda vigoravam as leis da ditadura. Não havia liberdade nos sindicatos ou nas eleições. A justiça era muito limitada. Mas já tinha sido pior, antes de começar o que se chamou de 'distensão lenta e gradual' do regime.
Por isso, ao contar essa história de um ditador, eu resolvi testar e não mais chamá-lo de rei, como tantos de nós, autores, tínhamosfeito antes. Arrisquei dar-lhe o nome de Tirano - o que, por si só, foi considerado uma temeridade por muita gente. Mas a Salamandra topou e nós fomos em frente.
As proibições do Tirano, lembradas no livro, estavam na memória recente de todos. E não vigoravam apenas no Brasil, mas em vários outros países vizinhos. Minha proposta para vencer a situação era simbólica, naturalmente. Mas tinha a ver com o caminho em que eu acreditava: uma festa feita com a união de toda a nação, nas suas diferentes etnias e gerações, com os recursos da memória e da criatividade artística, e com a pureza e coragem das crianças.
Depois, como o livro foi traduzido em espanhol e alemão, a história se espalhou. E tive a emoção de vê-la no palco em Berlim, no mesmo teatro em que trabalhou Bertold Brecht, o Berliner Ensemble. Em tempos muito melhores, felizmente, quando nem a Alemanha nem o Brasil estão mais sofrendo com governos de tiranos.
E agora ele está aqui no Brasil de roupa nova, com novas ilustrações, festejando a liberdade de todos nós.
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